sábado, 5 de abril de 2008
O antes… pela última vez!
Futuro das grandes cidades. Este é um dos temas principais do trabalho. Hoje, justo na véspera da viagem tive um dia atípico em São Paulo. Fui entregar um trabalho nas proximidades do parque Ibirapuera. Tudo correu bem, acreditem ou não o trânsito estava normal (ou, sem pressa, eu o encarei sem sofrimentos), enfim, tive um tempo, entre um compromisso e outro e por questão de minutos fiquei sem saber o que fazer. Eu estava convidado para jantar na casa de uma amiga que mora no Itaim, do outro lado do parque. Pensei primeiro em atravessá-lo tranqüilo, sem pressa, para ‘matar’ o tempo que tinha. Não compensava voltar para casa e também não queria chegar muito cedo.
Hoje o dia em São Paulo estava chuvoso, muito chuvoso e o parque quase vazio. Entrei pelo portão da Bienal por volta das 18 horas, fui em direção ao MAM e continuei firme em minha decisão de atravessar o parque, apenas cruzá-lo. Quando entrei nas ruas reservadas para corrida, me surpreendi com a calma do lugar. Acho que em quase 8 anos nesta cidade nunca o vi tão sossegado. O que aconteceu depois disso me remeteu a uma reflexão sobre a simplicidade da vida, que às vezes, neste meu cotidiano corrido, esqueço. Encontrei alguns casais perdidos em si, pai e filho correndo, amigos fazendo uma espécie de alongamento e algumas pessoas sozinhas. Eu estava quase chegando no portão de saída quando me ocorreu que eu poderia ficar mais tempo, que estava gostoso. Já começava a ouvir a confusão da Rep. do Líbano, foi então que encontrei um campo de um vazio de perder os olhos. Quando percebi estava deitado na grama molhada, olhando para o céu cinza emoldurado por um verde escuro, quase negro pela proximidade da noite…
Foi um jantar adorável. A Stefanea fez uma carne deliciosa, em homenagem a meus próximos dias de vegetariano. Pedi desculpas por chegar cedo demais e ela me respondeu – Você é bem vindo em minha casa a qualquer hora. Uma frase quase insuportável para um dia como hoje…
Já passa da meia-noite e ainda não arrumei a mala. Acho que me custa acreditar que em breve entro num avião rumo à Índia. A foto acima foi feita há pouco, do lugar onde mais gosto desta casa em que habito por hora. Quando entrei neste prédio pela primeira vez, fiquei apático a tudo, menos aos azulejos da cozinha e a vista lateral. Moro no térreo, a janela do meu quarto é para a frente de uma rua estreita mas muito movimentada, coisa que só descobri às 6 horas da primeira manha dormida aqui. É uma rua de acesso, acho que a única que liga a parte baixa do bairro da Aclimação ao resto do mundo (pelo movimento, só pode ser isso!!!)
Nas noites ou madrugadas que perco o sono ou que me sinto sozinho demais é em busca da vista que vou. Sento num degrau sujo, do lado de fora do apartamento e fico observando a cidade se acalmar…
“Às vezes faço planos, às vezes quero ir pra algum país distante e voltar a ser feliz”…
Renato Russo.
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5 comentários:
Eu também quero ir junto com vc Renato Negrão e com o Renato Russo.
beijos
Milla
Querido Renato,
Companheiro de mundo e irmão.
Falei com você ontem pelo telefone e você já estava cruzando a polícia federal no aeroporto de Guarulhos – eles já sabem o teu nome? Mais uma vez você vai para o nosso mais conhecido metier, o de ser um “viajante”. Nossa herança comum, apesar de não sermos da mesma família, também porquê isto não tem nada a ver com família. Tem a ver com o estranho, com olhar o mundo como estrangeiro, camuflar-se no anonimato, estar diante do outro, do desconhecido e principalmente diante de si.
Ir ou não ir sempre foi nossa encruzilhada, mas a resposta é imperativa, impossível não ir, é um caminho que conhecemos, e será o único que conhecemos?
Estou, por aqui, tentando a terceira margem do rio, compromissos que me impedem do vício, mas confesso que não é fácil, não é um estado natural. Conto uma vitória a cada semestre que não parti e isto já leva alguns anos. Mas estaria mais em casa pegando minha mochila já e partindo por aí, você sabe.
Entretanto há o desafio de tentar tornar o aqui o mesmo sabor do aí, que a vida em qualquer lugar tenha a vertigem e o delírio de estar vivo. Tenho a vida adianet para consegui-lo.
Você mal foi já sinto a tua falta, gostaria de estar contigo, gostaria que vc estivesse comigo. Um dia nos encontraremos na terceira margem do rio.
Beijo grande e boa viagem,
Milla
Renato por acaso pasei pelo orkut do marcos p deixar um recado e vi seu recado p ele, bom saber d vc q bom q vc se tornou cidadao do mundo sorte, nessa aventura sem fim q se chama vida
Linda foto e paisagem! Seráque vc vai sentir falta da sua casinha aqui no Brasil? Bom, só o tempo para responder!!!
beijos
Dani
1daystand.blogspot.com
afinal eu tinha que vir aqui, ainda que depois de vc ter saido do mundo no qual, no momento, ainda poderia te alcançar.
mas tentarei dizer-te algo na distância bem distante de quem não só está noutro país, mas também numa região que não visitas.
a meio mundo de distância te mando um grande e feliz abraço apertado que diz um pouco de meu desejo do sucesso de tua aventura, renato.
fique bem
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