quinta-feira, 24 de abril de 2008

‘Channas’ e ‘Chicos’, Os Sabores da Índia – Atendendo a pedidos.




Uma pessoa que gosto muito me pediu que eu falasse mais sobre a comida por aqui e mostrasse fotos. Voilá, espero que goste e para provar que caprichei na pesquisa começarei falando de uma de suas preferências:

Channas – Uma espécie de grão de bico, mas com um gosto diferente. Já tinha comido em Mumbai, mas hoje provei como um legítimo prato indiano.
Sábado fui conhecer a melhor balada de Calcutá. Fiquei surpreso com a receptividade do pessoal daqui, ou seria da curiosidade com o branquelo que dançava, feliz da vida, num canto qualquer da pista? Já tinha bebido um pouco. Escolhi um lugar que ficava mais ou menos perto do bar, mas ainda dentro da pista de dança, fechei os olhos e só abria para não errar a boca.

De repente senti uma mão me puxar. Era uma menina de uns 25 anos que me chamava para dançar na, digamos assim, roda de amigos. Foi ai que comecei a interagir com os Calcutenhos, ou como diz um amigo, com as Cocotas de calcuta!!
Brincadeiras a parte, só contei este episódio para dizer que o povo é mesmo muito especial e como, a partir dai, pude conhecer de perto a comida indiana. O resto da noite foi só de alegrias, conhecendo pessoas que talvez eu não volte a encontrar, mas que guardarei com carinho a atenção que me deram e o tanto que nos divertimos.

Fiz porém um amigo nesta noite, o Mukul. E faz sentindo falar dele aqui, pois foi por sua causa que pude comer a ‘channa’ do título acima. Almocei hoje no restaurante de um resort, onde meu novo amigo trabalha. Um verdadeiro oásis no meio do caos desta cidade.

O hotel foi construído para que você não saiba mesmo aonde está. Ele é quadrado, com uma super piscina no meio, rodeado por palmeiras reais, daquelas gigantes. Ok, estou num país emergente, pesquisando o assunto e faz sentido conhecer todos os lados. Certo?

Disse para o Mukul que gostaria de provar algo local e confiaria no seu gosto. Pedi que não fosse muito apimentado. Ele providenciou então a Channa Batura, da foto acima.

O prato demorou uns 30 minutos para chegar. Não tinha no menu e foi preparado especialmente para atender ao gosto do Brasuca que vos fala. Enquanto isso ele me contava da vida que leva nessa cidade, dos sonhos para o futuro, da saudade dos pais que vivem em Delhi e, ah, ele também quis saber muitas coisas sobre o Brasil e minha vida lá. Atencioso o rapaz!
Foi piada a história do ‘median spicy’. Estou até agora sofrendo os efeitos dessa refeição, mas quando terminei de comer ‘channa’, meus lábios latejavam e só melhoraram quando coloquei uma colher de sementes de ervas-doces, que no final de cada refeição é servida para aliviar o hálito.

Chicos – O primeiro contato que tive com uma chico (= Sapodilla - Manilkara zapota) foi aqui em Calcutá, ainda no primeiro dia na cidade. Cheguei no Hotel e eles tinham preparado uma cesta de frutas, com um bilhetinho nos desejando uma boa noite.

Ela tem a textura de um kiwi, precisei descascar cuidadosamente a fruta, enquanto um liquido frio e açucarado escorria por meus dedos. Mesmo antes de provar eu já sabia que estava diante de uma grande experiência gastronômica.
Não tenho jantado aqui, o calor, as cenas fortes que vejo na rua, a preocupação em comer alguma coisa que me faça mal, entre outras coisas tem me levado a não pensar muito nesses desejos.

Ah, também precisava perder uns quilinhos... Isso significa que naquela noite, com a fruta descascada em minhas mãos, aquele cheiro forte, a textura diferente, tudo isso junto me levou a sentir algo mais do que prazer.
Um dia, jantando com uma grande amiga, a Cristine, num restaurante em Lisboa, depois que um bacalhau - o melhor que já comi - chegou e quando provei aquela delícia, ela olhou pra mim e falou algo do tipo: - Você deveria ver sua cara, acho que nunca vi uma pessoa demonstrar tanto prazer assim numa refeição.

Não posso ver minha cara nessas situações, e elas acontecem com freqüência, por sorte, mas sei perfeitamente o que ela estava dizendo. Talvez seja os hormônios (será??), ou alguma reação química de meu cérebro, mas ao colocar uma chico na boca... melhor agora passar para citação.

Antes disso quero deixar claro que, como provam as fotos, sempre estive me referindo a um grão e a uma fruta, por mais que sua malícia possa querer me dizer o contrário.


“Aquele gosto amargo do teu corpo, ficou na minha boca por mais tempo. De amargo e então salgado ficou doce, assim com o teu cheiro forte e lento. Fez casa nos meus braços e ainda leve e forte e cego e tenso fez saber, que ainda era muito e muito pouco.
Faço nosso o meu segredo mais sincero e desafio o instinto dissonante. A insegurança não me ataca quando erro e o teu momento passa a ser o meu instante. E o teu medo de ter medo de ter medo, não faz da minha força confusão. Teu corpo é meu espelho e em ti navego, eu sei que tua correnteza não tem direção”.

Renato Russo.

... se é que você me entende.

2 comentários:

Milla Jung disse...

Noooossa, quem é esse homem? REnato? Prazer, MIlla Jung!
beijos

brasilinsouthafrica.blogspot.com disse...

Ah agora que vi a sua Channa...
nossa devia tá pegando fogo heim ?
Lindas fotos como sempre.
Vc tem razao em tomar cuidado com o que come. Inclusive nas baladas né. Depois náo vá dizer que eu náo avisei!
Aí chegará aqui dizendo Oh, Calcutah !!!!!!!
ahahahahha
bjs