terça-feira, 26 de junho de 2012

Viagem A Chernobyl.


Até hoje, meses depois de ter voltado de Chernobyl, as pessoas perguntam o que eu fui fazer lá. Como fotógrafo sinto que a profissão é cada vez mais uma razão para poder ir a lugares que, caso não fosse pela fotografia, eu não iria. É comum ouvir esse discurso da boca de fotógrafos - a fotografia como passaporte para o mundo, mas é verdade, é assim mesmo que a gente se sente.
Quando o acidente de Chernobyl aconteceu eu era um menino, lembro de ter visto as reportagens e, em diferentes épocas da minha vida, ver fotos e ficar intrigado com aquela paisagem abandonada.
Nos últimos anos tenho me interessado muito pela relação que a fotografia tem com a memória, não só porque cada fotografia, assim que é feita vira uma imagem do passado, mas pelo tema, procurar trabalhar com as marcas do passado na paisagem, as pegadas que o ser humano deixou naquele lugar que eu visito, gosto de falar sobre o ser humano através da ausência dele...
Aqui, algumas das fotos dessa viagem que aconteceu em julho de 2011.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Chernobyl Pripyat Vestígios da Existência


Ano passado, alguns meses depois de ter voltado da Ucrânia o Sesc Vila Mariana, aqui em São Paulo, abriu uma exposição com 50 fotos do meu trabalho em Chernobyl. Atendendo a pedidos de alguns dos meus alunos e pessoas que conheci ou reencontrei nos últimos meses, publico aqui algumas fotos da exposição, que aconteceu de 19 de outubro a 18 de dezembro de 2011.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Tarde de Sol em Kiev



Estas fotos foram feitas em julho do ano passado, em Kiev, capital da Ucrânia, quando estive lá para fotografar Chernobyl. Era um domingo, penúltimo dia meu na cidade, estava satisfeito por ter conseguido cumprir com todas as expectativas sobre a viagem. Aos fins de semana, a Avenida principal é fechada e vira uma grande calçada.

Gosto dessas fotos pois posso gerar algumas discussões sobre o ato de fotografar pessoas hoje em dia. O direito, ou não, de ser fotografado - comentários que nós fotógrafos ouvimos quando tentamos fotografar em público, sem pedir autorização.

Não quero apontar nenhuma ideia fechado sobre o que penso disso, quero apenas compartilhar essa experiência, que no final me deixou bastante satisfeito.

Aprendi a gostar de fotografia vendo uma amiga trabalhar, a Milla Jung, uma grande fotógrafa radicada em Curitiba. Quando começei a estudar o ofício me apaixonei de pronto pela obra de Robert Frank e quase todos outros fotógrafos que eu me interessava tinha um trabalho genial de "street photography".

Entramos no século XXI, a internet e suas redes sociais tomaram conta do pedaço e passamos a estabelecer uma outra relação com o ser humano, o que muda bastante a maneira de se fazer fotografia hoje em dia.

Neste dia, acompanhado por um grande sentimento de felicidade, eu comecei a andar pelas ruas movimentadas de Kiev, peguei minha câmera e senti vontade de me relacionar com as pessoas daquele país que eu tinha gostado tanto.

Decidi então que eu não iria pedir nenhuma autorização para fotografar, não verbal, pelo menos. Eu acredito que parar alguém, dizer que é fotógrafo e que gostaria de fazer uma imagem dela, joga por terra a oportunidade de ter uma imagem sincera.

Eu também não poderia me esconder atrás de uma tele 800mm e ficar 'roubando' as cenas, jamais me sentiria a vontade em fazer isso. Gosto do contato visual, faço questão que a pessoa me observe, assim como eu a estou observando.

Vendo essas fotos, vejo que foi justamente isso o que aconteceu, um jogo onde eu estava a todo tempo olhando para o outro e sendo visto por ele, em alguns casos, de uma maneira bastante forte.

Passei algumas horas travando contato com pessoas que chamavam minha atenção. Não precisei pedir verbalmente para que eu as fotografasse. Eu olhava a pessoa até ela perceber que eu estava olhando, dava um sorriso, colocava a câmera diante do meu rosto e fazia a foto. O que eu via depois disso é o que compartilho com vocês aqui...