segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Museu do Quai Branly


Em 2006 Paris ganhou mais um museu, o tão comentado Quai Branly. Este era um dos motivos desta minha viagem a cidade, e fui, já no meu primeiro dia, conhecê-lo.

Surpresa já na entrada. O museu parece uma imensa embarcação ancorado próximo ao Rio Sena. Quai em francês significa Cais e Quai Branly é o nome da rua onde o museu foi construído que fica a 100 metros da Torre Eiffel, de onde eu vinha. O museu é um aglomerado de prédios, o primeiro que avistei foi o da administração, todo encoberto por um belíssimo jardim vertical, obra do botânico Patrick Branco.

A princípio não dá para entender direito o que são aqueles prédios todos, com cores diferentes e um jardim entre eles. Atravessei a rua e fiquei olhando o museu pelo lado de fora.

Desde que estudei francês pela primeira vez ouvi falar sobre as calorosas discussões sobre o novo e o velho em Paris. lembro que já na primeira aula de francês, na aliança francesa de Curitiba, lá por 1992, a professora veio contando das manifestações dos conservadores quando construíram a pirâmide de vidro na entrada do Museu du Louvre.

Anos mais tarde estava ai ali, resgatando essas boas recordações que me ligam a esta cidade tão especial. Paris merecia mesmo este museu. Já li em alguns blogs e sites pessoas criticando a arquitetura, obra do grande arquiteto francês Jean Nouvel (O mesmo que construiu o Instituto do Mundo Árabe, também em Paris).

Não sou e nem pretendo ser um especialista em arquitetura, mas ali, de frente ao museu, fiquei pensando que as velhas questões sempre voltam, não seria por isso que Paris disperta um fascínio tão grande nas pessoas?

Entendendo ou não, entrei no museu. Encontrei um casal de namorados que estavam dividindo um guarda-chuva, quando me viram fotografando ao lado deles começaram a representar uma cena de amor. Ficou claro que eles queria que eu os fotografasse, provavelmente pensando na célebre imagem do beijo de Robert Doisneau. Comecei a rir e fiz a foto, dando uma piscada pra eles.

O Museu é um local criado para incentivar o diálogo entre as culturas, com acervo de artes da África, Ásia, Oceania e das Américas e se já não bastava a imensa quantidade de coisas interessantes para ver, reserva uma parte do prédio para exposições temporárias, desta vez sobre "Teotihuacan, Cidade do Deuses".

Comecei a entender a arquitetura quando o assessor de imprensa fez eu voltar a entrada do museu e me explicou que a parte de cima, em vermelho, é a destinada ao acervo do museu e a parte em branco, em baixo, para as exposições temporárias.

Fiquei mais de duas horas andando só na parte da África, vi edumentárias, estátuas, explicação sobre os hábitos culturais e religiosos deles, os ornamentos usado pelas tribos, entre tantas outras coisas.

Gostei muito de uma espécie de caverna, que você entra e fica ouvindo os sons de uma tribo. Fechei os olhos, repousei a cabeça e fiquei ali refletindo sobre a grandiosidade do mundo, até perceber que um casal esperava eu sair para entrar.



Exausto fui tomar um café e agradecer a cordialidade dos funcionários do museu que ainda me convidaram para assistir a uma sessão leitura na mediateca do museu... agradeci mais precisava de um pouco de ar para que todas aquelas sensações tomassem seu lugar...

Antes de sair fiquei ainda um tempo no jardim do paisagista Gilles Clément, contemplando aquele complexo de construções. O jardim tem 180 árvores e numerosas espécies vegetais, a grande maioria encoberta pela neve. De um lado o Rio Sena, do outro os charmosos prédios com sacadas de ferro e telhados com chaminés, na frente a Torre de Ferro mais conhecida do mundo e no meio disso tudo um outro tempo pras artes. Minha visita a Paris já tinha valido a pena.


Curiosidades sobre o museu:


- O Teatro do museu é uma homenagem ao antropólogo Claude Lévi-Strauss, morto no ano passado, que foi professor de Sociologia na Usp entre os anos de 1935 e 1939 no Brasil.

- O museu tem uma coleção de 1.478 peças de Lévi-Strauss, divididas em duas grandes partes: As coleções do Brasil, feitas durantes os anos 1930, relatada na sua grande obra "Tristes Trópicos" e outra do seu trabalho na América do Norte.


No segundo andar tem uma parte do museu com grandes janelas de vidro. As imagens da cidade de Paris, no meio de tanta informação sobre os povos antigos, muitos deles ex-colônias francesas é uma boa oportunidade para refletir sobre a história da humanidade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Boas fotos, boas histórias, bons textos...
parabéns!!

Jessica disse...

Só passando para elogiar a ótima visão sobre o Museu do Quai Branly. Os comentários sobre as sensações e reflexões obtidas depois do passeio em cada ambiente, serviram muito para o enriquecimento da minha pesquisa sobre a maneira que projeta Jean Nouvel.

Parabéns *-*

Anônimo disse...

Oi Jessica, obrigado pelo comentário, fico feliz em ter ajudado. Não deixe de pesquisar o museu do mundo árabe, uma das mais geniais obras de Jean Nouvel.
Abs