terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Museu da Arquitetura


Você pode até não gostar muito de museus, mas em uma viagem a Paris vai acabar visitando um, nem que for o mais famoso deles, o Louvre e seus célebres hospedes: Monalisa, Vênus de Milo; ou o museu d'Orsay, o mais charmoso, que fica numa antiga estação de trem a beira do Rio Sena.

Ir a Paris e não entrar num museu é quase como ir a uma copa do mundo sem se interessar em nada por futebol. Como já disse aqui não gosto muito de ficar dando dicas de viagem, prefiro contar o que me agradou e deixar que você faça sua programação.

Desta vez me concentrei mais em conhecer os museus que abriram depois de minha última estada na cidade e alguns que eu não conhecia.

Passei uma tarde no museu da arquitetura, que fica bem ao lado da praça do Trocadero, de onde se tem um visão extraordinária da Torre Eiffel.

Quem gosta de novelas vai se lembrar da visita que as personagens da Alinne Moraes e Taís Araújo fizeram quando estavam em Paris gravando "Viver a vida". A cena nos brinda com um desses diálogos fantástico que só a dramaturgia brasileira é capaz.
Numa tomada geral da principal sala do museu, as paredes vermelhas e as personagens andando entre fachadas de igrejas medievais, Alinne Morais chega pra Taís Araújo e diz mais ou menos assim:

- Ai, vamos embora logo, tanta coisa bonita lá fora e nós aqui perdendo tempo no meio dessa velharia...

Passei uma das tardes mais agradáveis no meio de tanta história, coisa bonita e ideias de uma vida sustentável, através dos projetos arquitetônicos modernos.

Logo num dos primeiros minutos da visita fiz um dos meus passa tempo preferidos quando vejo um grupo de turistas com guia, me enfiar no meio deles e prestar atenção nas explicações.

Dessa vez foi uma das mais engraçadas. A Guia, uma francesa de uns 60 anos, comandava um grupo onde a maioria eram jovens, provavelmente estudantes de arquitetura. Quando os vi, percebi que alguma coisa diferente estava acontecendo, pois estavam dispersos e divididos em pequenos grupos, fazendo comentários paralelos. Logo percebi o porquê. A mulher começou a explicar que aquela fachada era de uma catedral do século XV e que é uma demonstração da Renascença Italiana na França. Até ai tudo bem, mas depois desta informação ela ficou perdida, gaguejando e, numa verdadeira saia justa, chamou o grupo, que se controlava para não rir, para a outra obra.

Troquei uns olhares de cumpricidade com o pessoal e fui na outra direção. Sei bem o que é falar em público e, numa situação dessas o embaraço é grande.

O museu reabriu em 2007, depois de ficar muitos anos fechados.
Eles disponibilizam computadores para ajudar o visitante entender o acervo. O pé direito do piso térreo é enorme. O efeito de ver aquelas partes de igrejas, uma ao lado da outra, dentro de uma sala de museu é de causar uma sensação única e uma boa chance para pensar sobre o espaço das galerias, de onde vivem as obras de arte.

Foi difícil sair dali, fiquei andando pela sala, saia, ia para uma mais simples e acabava voltando pro salão vermelho, imenso... Vi uma foto de como eles trouxeram uma das fachadas. Um barco puxava no Rio Sena uma igreja flutuando nas águas... Queria ter visto isso ao vivo.

Com muito custo, peguei um elevador panorâmico e fui para o segundo andar, o reservado para arquitetura moderna.
A sala é bem mais simples, branca, pé direito mais baixo. As reflexões sobre as obras ali expostas porém são bem mais interessantes. Logo de início assisti um vídeo que explica como foram feitas as janelas do Instituto do Mundo Árabe, o meu museu preferido no mundo. Um dispositivo de metal controla a intencidade da luz que entra nas salas, em dias de maior luminosidade as janelas fecham e com menos luz, abrem, exatamente como funciona o diafragma de uma câmera fotográfica.
O museu é um projeto de Jean Nouvel, o mesmo arquiteto do Museu do Quai Branly, já comentado aqui.



Num canto da grande sala, tem um retângulo bastante iluminado com vários projetos de arquitetura sustentável. O que mais gostei foi um condomínio residencial em Nates, interior da França, projeto do arquiteto Michel Bertreux. São 11 prédios germinados de 6 andares cada um, na frente uma horta comunitária e atrás um belo bosque que remete ao contato com a natureza, mostrando que isso é possível nos grandes centros. Além é claro de reaproveitamento de água, energia solar, etc.

Antes de sair, sentei num banco que fica de frente para uma janela com vista para Torre. Estava começando a me despedir da cidade diante de uma cena que vive na minha imaginação desde muito antes de pisar aqui pela primeira vez.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah que vontade de conhecer esse lugar maravilhoso!!! *O*