domingo, 10 de janeiro de 2010

Paris e a liberdade


O carro pára, de um lado o Hotel Ritz, do outro a praça de la Concorde. Andrea, a personagem de Anne Hathaway, desce e, de costas para praça, fica olhando a multidão de fotógrafos que aguardam a chegada das celebridades que estão na semana de moda de Paris.

Miranda, tão bem representada por Meryl Streep, desce e vai ao encontro dos paparazzos. Andrea fica ainda um pouco parada, pensativa, mas já esboça um sorriso seguro, desses que só conseguimos quando acabamos de fazer uma grande coisa.

Ela vira as costas e sai em direção à praça (local onde foi decaptada Maria Antonieta, durante a Revolução Francesa). A câmera abre em panorâmica mostrando toda suntuosidade de Paris.

O diretor David Frankel sabia exatamente o que queria quando escolheu a cidade para rodar uma das mais bonitas cenas do filme "O Diabo Veste Prada", que fala de maneira tocante sobre a liberdade que cada um de nós tem sobre nossas escolhas.
No filme, Andrea está deixando um emprego que, como os personagens não cansam de repetir: " milhões de garotas dariam tudo para estarem no seu lugar". O preço que ela pagava no entanto era alto demais e, andando pela noite chuvosa na cidade luz ela recuperou a dignidade de ser dona de sua vida.

Estive nesta praça hoje. A paisagem era muito parecida com a do filme. As luzes refletindo na neve derretida ajudava ainda mais a iluminar a cidade.

A certeza que Andrea abandonava o trabalho vem quando ela joga o celular na fonte. Miranda assim que percebe que sua funcionária não a acompanhava começa a ligar, como sempre fazia a qualquer hora do dia ou da noite, para dar suas ordens.

A fonte estava desligada e sem água, mas tinha uma roda gigante toda iluminada com fortes luzes brancas, bem de frente para Avenida Champs Élysées.

Andando pela cidade nesta noite de janeiro, dias antes de completar 40 anos, fiquei refletindo sobre as escolhas que venho fazendo na vida e Paris é o cenário ideal que me traz a certeza de que, mesmo pagando um alto preço, estou no caminho certo.

Quem nunca sentiu a alegria profunda em abandonar um emprego que muitos achavam ideal mais que te trazia uma imensa tristeza? Ou uma faculdade de direito menos de 2 anos antes de se formar para sair pelo mundo vendo de perto a vida acontecer?

Quem já fez algo assim sabe o que é caminhar numa noite escura. Mas sabe também que há uma luz pronta para iluminar e melhor que seja aqui, na cidade onde tudo é possível.


Curiosidades sobre a praça.

- Está numa reta, de uma lado o jardins das tuileries e o muséu do Louvre e do outro a Av. Champs Élysées, o Arco do triunfo e mais a frente a moderna La Defense.
- No meio da praça tem um obelisco que foi construído há mais de 3.300 anos. Foi um presente do Egito a cidade de Paris dado por Muhammad Ali, em 1831.
Quem foi aluno do professor Carneiro no cursinho do Positivo em Curitiba vai lembrar da hilária história que ele contava quando chegava nesta parte da aula de história. Ele colocava um braço embaixo do outro e saia imitando como Muhammad Ali chegou com o obelisco na França.
- Durante a Revolução Francesa, a praça foi o local onde grandes personagens perderam a cabeça. A guilhotina que matou o Rei Luís XVI estava na parte noroeste da praça e bem em frente a entrada do jardim (onde hoje está a roda gigante) estava a que ceifou a cabeça de Maria Antonieta e como a Revolução não perdoou ninguém, o lider Danton também foi guilhotinado ali e, um tempo depois, Robespierre.

2 comentários:

Anônimo disse...

Querido amigo,

Senti uma súbita e espontânea vontade de vir aqui deixar um comentário no teu blog, vc sabe.. :)
Ainda que não pareça, estou aqui te acompanhando outra vez. E não páro de pensar - sempre com sorriso na cara - nas diferenças entre a tua primeira visita a Paris e esta de agora. Que bom recuperar certas memórias e saber que vc está construindo outras.

Gosto muito de te ouvir pensando em voz alta. Obrigada pelo post de hoje; há coisas nele que me chegaram diretamente ao coração.

Beijo grande, com cognac para esquentar.

Cris

Vanessa Prata disse...

Oi, Renato
Lindas fotos e texto, como sempre.
Dessa vez viajei para mais perto, para o Rio Grande do Sul. Veja algumas fotos em vanessaprata.blogspot.com.
bjs