sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Duas imagens para me despedir do México


Sweet Dreams


"Sweet dreams are made of this
Who am I to disagree?
I travel the world
And the seven seas..."


Annie Lenox, ex vocalista do grupo Eurythmics, faz uma palestra, em espanhol, na praça do Zócalo, em defesa de um mundo sem violência contra as mulheres.


Ao querido povo do México



Impossível passar uns dias nesse país e ficar indiferente, principalmente se você tem a chance de fazer alguns amigos e poder acompanhar seu cotidiano, saber como pensam. Logo em nossos primeiros dias tinha um referendo para saber a opinião dos mexicanos sobre o futuro da produção de Petróleo do país. Como foi isso por aqui mesmo??
Para terminar, estava acontecendo na Cidade do México uma convenção mundial sobre a AIDS, e na tarde de terça-feira acompanhamos uma passeata pedindo um basta de violência contra as mulheres.
Sai do aeroproto com destino a Guarulhos exausto, com bastante vontade de voltar, mas certo de ter conhecido um país muito interessante, de ter feito amigos, que como vários que tenho me fazem sentir orgulhoso e feliz com a vida.

Obrigado mais uma vez a todos vocês, aos carinhos e palavras que sempre me faz feliz.

Espero que até a próxima, pois viajar é sempre uma coisa muito boa.


Pela janela de um carro.

Além de Grilos.


Ok, ok, esse foi o post que mais gerou polêmica, na maioria feitos por email já que o blog é público, mas vou responder aqui mesmo: Sim Rosana, eu comi mesmo o grilo e não foi só o da foto, foram vários... que gosto tem?? Bom, acho melhor você provar, mas garanto que é bom.
Elaine, Vilma, Naza, aposto que vocês fariam o mesmo.
Marcelo, seus pratos são sim bem melhores, pode continuar fazendo.
Sou do tipo que viaja de corpo e alma. O pessoal do México - meus novos amigos agora, sempre gostavam de me ver instigado a provando suas iguarias. Uma frase que acabei falando de brincadeira acabou sendo repetida várias vezes. A Cláudia me perguntou, em determinada situação, o que eu queria comer e no meio de tantas opções diferentes eu disse: 'Ponho mi pança en tu manos"...
Acabei ganhando uma diarréia que me tirou de cena um dia inteiro, mas valeu a experiência.
Carlinhos, você por aqui amigo??? QUe bom, pois é lembra de nossa época de RU, foram quatro anos comendo aquilo... acho que taí a resposta.
A comida no México é maravilhosa, forte, colorida, cheirosa, religiosa (tem pratos que se come rezando), exatamente como o país.
Quanto ao grilo, ele é servido como aperitivo e logo depois que tiramos as fotos, em tom de brincadeira, a moça da barraca nos explicou que sua avó precisava comer aquilo por não ter outra opção para se alimentar, daí a razão desse costume, comer um animal mais limpo que muitos por ai, pois só se alimenta de grama.
Perdoado????

Feira de rua na cidade de Tepotzlan


Sorveteria, o de tequila - claro - é o melhor

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

domingo, 3 de agosto de 2008

Teotihuacán


Um desses lugares que faz você, no mínimo, ter o maior respeito pelos povos primitivos. Do alto da piramide do sol, a maior delas, é impressionante pensar em como aquilo tudo foi construído.
Teotihuacán fica a mais ou menos 1 hora de carro da cidade do México, é um sítio arqueolóligo com duas grandes piramides, a do sol e da lua. Só é possível subir até o topo da maior delas, quem tem mais de 60 metros de altura.


Do alto da piramide do sol pessoas erguem as mãos para sentir a energia do lugar.



sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O Beijo



Casal namora no topo da Torre Latinoamericana, a 182 metros de altura, com a cidade do México ao fundo.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Frida Kahlo e Luta Livre


Mais México que isso, só se fosse no dia dos mortos...

Gostei muito de visitar a casa desta artista que gosto tanto. Foi uma boa oportunidade de relembrar boas coisas. A primeira vez que ouvi falar dela foi lá pelos anos 90. Eu estava na faculdade e as 'cores de Frida Kahlo' acabou sendo um ambiente facilmente transitável por mim e pela Cristine, uma das irmãs que a vida me deu de presente.

Quando fiz minha primeira viagem ao exterior, pude ver, pela primeira vez, um dos quadros coloridos de Frida e lembro que não via a hora de contar isso pra Cris, mas como não havia emails, tive que esperar a volta para relatar a emoção em ver de perto uma obra de nossa artista preferida. Hoje a Cris, que está fazendo mestrado em artes e mora na Europa há 10 anos, tem lá seus artistas preferidos, muitas coisas já se passaram mas quando entrei na casa de Frida Kahlo me senti quase como um adolescente.



Outra irmã que estava presente comigo na visita a casa azul era a Milla Jung, uma das grandes mulheres de minha vida, mas que conheci um pouco depois da Cris. Tenho até hoje guardado um postal que ela me mandou com uma foto linda da Kahlo, quando eu morava em Londres e ela em Nova York. A Milla já visitou o México e esteve nesta casa antes de mim, não sei ao certo se eu estava tão presente, mas isso não importa, pois ela também estava comigo andando pelos comodos da memória enquanto visitava esta bela casa de uma das grandes pintoras do século XX.

No museu é possível ver bastante das coisas dela, mas poucas obras. Senti falta mais em 2005 vi uma exposição inteira dedicada a Frida Kahlo na Tate Modern, inclusive um dos quadros que mais gosto.
Foi nesta casa que Trotsky e sua esposa moraram quando chegaram, exilados, ao México.
Com certeza as cores vibrantes desta artista tão mexicana está me ajudando a entender este país.



A noite fomos a arena do México ver uma luta livre. Foi uma delícia ver aquilo que, ao contrário do que eu pensava, é uma grande brincadeira.



Ali dentro pude entender um pouco mais o Chapolin Colorado e seus amigos. Tudo parece encenado, como num circo, mas foi emocionante ver a torcida. Tinha gente de todas as idades torcendo por seus mascarados preferidos. Muitos torcedores usavam máscaras iguais a de seus ídolos. Atrás de mim tinha uma mulher tão empolgada que gritava tanto, acho que estava expurgando vários fantasmas de seu dia a dia.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Cidade do México



A comida mexicana me pegou. Passei bem mal ontem, ao ponto de não poder sair. Perdi uma tourada, mas pelo que o Érico contou e mostrou nas fotos tem bastante violência, eles mataram 6 Touros, uma carnificina só.
Hoje já estava bastante disposto e passei o dia na rua. As meninas da ong continuam nos ajudando e, principalmente a Cláudia tem dado uma força danada.

Assim que sai pela manhã, vi jovens carregando a imagem de um Santo. Sempre ouvi dizer que este país é bastante religioso, vi isso em Oaxaca também, mas acabei perguntando se tinha algum motivo especial para tantas imagens pelas ruas. Descobrimos, pois as meninas também não sabiam, que todo o dia 28, os devotos levam suas imagens de São Judas para benzer. A igreja dedicada a ele fica perto do hotel e no dia do Santo, 28 de Outubro, há uma grande festa, uma das grandes celebrações a Santos, no México.



A Cláudia já fez bastante trabalho voluntário e, com muito orgulho e amor, nos mostrava sobre seus projetos e nos contava de suas histórias. Ela trabalhou durante muito tempo com crianças de ruas e teve que pagar caro por suas convicções. EM uma situação precisou denunciar um grupo de policiais que estavam envolvidos com o tráfico e, é claro, ouve vingança contra ela. Um dia saindo do metrô prenderam-na, foi espancada e por pouco não morreu. Esta foi apenas uma das histórias de quem paga caro pelas escolhas que faz na vida, mas não desiste de ajudar a quem está tão desamparado neste mundo.

É bonito ver o amor que as pessoas demostram por ela. Com o coração aberto tenho procurado aprender com essas pessoas a ser menos egoístas.



Encontramos um senhor que mora na rua. Ele carregava um violão e logo que chegamos começou a cantar. Uma voz belíssima, afinado, cantou mais de três canções direitinho, sem errar nada... As músicas eram bem triste, falavam de amores não correspondidos, abandonos. Numa delas tinha uma frase que dizia mais ou menos assim: agora estou vivendo na ruas, enquanto você está nos braços de outro.
Para quem foi criado numa família onde o avô e o pai sempre estava com seu violão e acordeon animando os encontros familiares, foi um momento de muita emoção.



Passamos por uma praça onde ficam os Mariates, aqueles cantores que se apresentam, com um traje típico que lembra a roupa dos toureiros, em festas ou pelos bares e restaurantes. Vi em algumas expressões mais tristeza do que no cantor de rua.



Almoçamos, lá pelas 5 da tarde, num bairro chinês. Depois subi num mirante com uma bela vista da cidade e terminei o dia no Zócalo, na enorme praça da constituição.



Assim o México vai se desvendando, e, aos poucos, o que antes eram idéias vão se transformando em imagens, aprendizados, enfim: uma viagem!!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Chove em Oaxaca



Nosso último dia em Oaxava foi de muito sol. Quando saimos do acampamento pegamos um taxi para o aeroporto e uns 10 minutos depois encontramos uma chuva forte. Parte do céu estava com núvens carregadas e a outra parte azul com algumas núvens brancas, enormes... O taxista devia estar meio enamorado, pois suas músicas eram de cortar o coração...
Conforme nos aproximavamos do aeroporto tive uma boa oportunidade para reflexões profundas, sobre esta vida que venho levando, sobre as conquistas que tenho tido, quem me acompanha e compartilha isso tudo comigo... Esta foto, simples, mas muito significativa, confirma minha satisfação com a vida que escolhi.

domingo, 27 de julho de 2008

Guerreiros sem armas



Em nosso último dia em Oaxaca tivemos a possibilidade de visitar uma ong brasileira que está fazendo um trabalho muito interessante por aqui. Chegamos nos acampamentos perto do meio dia. Um grupo de aproximadamente 60 pessoas estavam reunidos em torno de uma maquete. Eram moradores da comunidade e no meio deles jovens, entre 18 e 30 anos, da Universidade da Terra da cidade de Oaxaca.
O que eles fazem basicamente é diagnosticar os problemas da comunidade e elaboram projetos para ajudá-los. Entre as pautas estão os problemas referentes a falta de água, moradia e ajudam-os a formar uma idéia de trabalho em grupo.



Como uma ong internacional, ali trabalham jovens de vários países: um dos organizadores é um rapaz de Santos, o Edgar, mas pude conversar também com a Anna, uma inglesa que depois da América do Sul vai passar um tempo na China; uma Belga que gosta muito de nossos lados, já fez uma viagem que durou 6 meses saindo do México e Chegando no Rio de Janeiros, com exceção de um pequeno trecho na Venezuela, que ela precisou pegar um avião, o resto do percurso foi feito todo de ônibus.



Dona Carmen é uma das moradoras da comunidade mais simpática. Ela nos acompanhou, contou dos progressos, da alegria em ver sua vida melhorando, nos levou com orgulho, para sua casa e mostrou o pequeno barraco onde morava antes desse pessoal chegar por aqui, nos apresentou sua filha e fez ela nos mostrar seus projetos que ajudam a comunidade, um vídeo sobre todas as tribos urbanas...



Quanta beleza nesses gestos. Sai dali com a alma em paz, sem falar da esperança que senti quando deixamos a comunidade rumo ao aeroporto. É fantástico poder saber que existem pessoas interessadas em ajudar o próximo.

A Colina das Comadres



Imagem do terraço do Hotel em que fiquei em Oaxaca. Ali pude reler alguns contos de um escritor mexicano que gosto muito, Juan Rulfo.

"Depois os Torricos voltavam. Desde antes de chegar avisavam que vinham, porque seus cachorros saíam na correria e não paravam de latir até encontrá-los. E só pelos latidos todos calculavam a distãncia e o rumo por onde iriam chegar. Então as pessoas se apressavam para esconder suas coisas outra vez.
Sempre foi assim, o medo que os finados Torricos traziam cada vez que regressavam a Colina das Comadres".

Do livro de contos: Chão em Chamas.

Desfiles em Oaxaca




Parece Olinda, mas estou no México.



sábado, 26 de julho de 2008

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Do outro lado



Essas duas mulheres são irmãs, tem bastante filhos pequenos e uma história em comum. Seus maridos, como tantos outros homens do México, foram trabalhar nos Estados Unidos. Elas chegaram a receber notícias deles, sabem que ambos conseguiram atravessar a fronteira e que estão trabalhando, como tinham planejado quando as deixaram, mas há mais de 2 anos eles não mandam mais notícias, uma coisa comum aqui nesta terra onde a maioria dos homens partem para o Outro lado, como eles chamam aqui os que vão trabalhar no país vizinho.

Fotos de Sierra Mixteca




Sierra Mixteca



Mal deu tempo para tomar o café da manhã e o Iván, responsável pela ong no estado de Oaxaca, estava na pousada. Pegamos a Mariana e a Cláudia, as meninas que trabalham na capital e partimos para nosso compromisso da quinta-feira.

Este é um dos estados do México que tem mais problemas. A população é muito pobre, vivem em povoados onde cultivam entre outras coisas feijão e milho.

Depois de três horas de viagem chegamos na Sierra Mixteca para visitarmos alguns povoados que a ong tem projetos. Um dos principais problemas deles, e do país em geral, é a falta de água. Aqui, mais do que em qualquer outro lugar que eu tenha ido, dá para ver que eles estão adiantados em, ao menos tentar incentivar a população desse problema mundial. Por exemplo, as torneiras teem um dispositivo, parecido com os recipientes de sabonetes líquidos em banheiros públicos, você precisa apertar de baixo para cima, para que a água saia, e quando solta, o dispositivo bloqueia a saída do líquido, um maneira bastante eficaz para evitar o desperdício.

A ong ensina a população a construir cisternas para aproveitar a água de chuva e constrói banheiros secos, do lado de fora das casas, onde não precisam usar água.

Chegando no povoado de San Sebastian Nicananduta, fomos primeiro encontrar o presidente da comunidade. Entramos num prédio ao lado de uma bela igreja e encontramos uma sala meio escura com cinco homens sentados perto de uma mesa de madeira. Todos usavam chapéus e, com exceção de dois, eles estavam visivelmente bêbados.

Pudemos fotografar sem nenhum problema. Entramos nas casas, conversamos com pessoas que nos contava um pouco de suas vidas. Em quase toda família há ao menos um integrante que tenha ido para os Estados Unidos trabalhar. Praticamente todos atravessaram a fronteira de forma ilegal, se colocando aos inúmeros risco da travessia.

Depois deste povoado fomos ainda a San Jose Monteverde e a Guadalupe Vista Hermosa. A paisagem era deslumbrante.

Estávamos numa camionete grande e por um bom tempo eu e o Érico fomos na carroceria, com toda aquela natureza na nossa frente, sem janelas que nos atrapalhava o contato com o vento forte e a liberdade que tanto préso.

Fotos de Oaxaca