sábado, 7 de fevereiro de 2009
Um Passeio rápido pela 25 de março
Cheguei na Rua 25 de março numa manhã nublada determinado a descobrir o que atrai tanta gente a este lugar, que para mim, está longe de ser divertido. Sempre que vem algum parente ou amigo do Paraná, já sei que uma das exigências será passar um bom tempo andando por lá.
Resolvi neste dia treinar, não só o meu olhar para cidade, como também tentar me aproximar mais das pessoas que fotografo. Com uma plancheta cheia de autorizações de uso de imagens em uma das mãos e equipamento na outra, desci a ladeira Porto Geral. Logo no início, na saída tumultuada do metrô São Bento, vi uma loja com artigos para carnaval.
A ideia seria fotografar alguns personagens que estejam vinculados ao lugar, fazer uma pequena entrevista e descobrir o que os levou a 25.
Vi uma Senhora, toda vestida de preto. Ela estava ao lado de um manequim com uma fantasia muito colorida. Meio tímido me aproximei, identifiquei-me como jornalista, dei uma gaguejada, é verdade, mas ela aceitou participar. Logo apareceram as primeiras perguntas que, confesso, não tinha pensado nas respostas que eu deveria saber, como por exemplo – Porquê você está fazendo isso? Sabe, tem um livro... Enfim, quando disse que precisava fazer uma fotografia, já veio a primeira negação – A não filhinho, foto minha não.
Entre outros tantos naos, minha primeira tentativa de me aventurar pela 25 de março foi frustada. Passei um bom tempo tentando abordar as pessoas e ouvi várias maneiras diferentes de não concordarem com o meu pedido. O mais divertido deles, foi de duas irmãs, uma puxando a outra que tentava se livrar do jornalista, dizendo: hoje não queridinho, temos muito ainda o que andar... Não é que o diminutivo ajudou e até que me diverti com a situação. Porque será que não tinha nenhuma Tia minha por ali, que adoraria ser abordada e ainda mais para tirarem uma foto dela?
Foi quando recebi o telefonema de uma amiga, a Camila Garcia, me convidando para ir ao cinema. Quando disse aonde eu estava, ela logo disse, e porque não me chamou? Pronto estava ai a deixa para interromper os trabalhos e marcar uma nova tentativa, desta vez com a ajuda dela como produtora.
Combinamos para o outro dia bem cedo. Nos encontramos no metrô, descemos na estação da Sé, passamos pela multidão de trabalhadores andando rápido por nós, descemos até o mosteiro São Bento e paramos para tomar uma café num ligar tão charmoso que deu vontade de ficar por ali mesmo, o café Girondino.
Estávamos bem perto do maior shopping aberto do Brasil, ou seria do mundo? Ah não, deve ter um maior na China, vi isso em algum lugar. Não importa, é gente que não acaba mais, ah, e tem carros também tentando seguir no meio de dezenas de pessoas com sacolas cheias nas mãos.
O que eu recebi de não a Camila teve em dobro de sorrisos e respostas concordando com a abordagem. Tem gente que nasce mesmo para coisa e a Camila demostrou um talento nato.
A primeira foto foi de duas amigas, a Karina Chu Chang e a Suzany Lee, elas estavam a procura de material escolar; já a Dona Myrthes e sua sobrinha Clara, se pudessem iam todos os dias na 25. Pronto, eu sabias que tinha gente assim, estava ai, para Dona Myrthes a 25 de março é o melhor lugar de São Paulo.
Continuamos nossa jornada 25 a dentro, mas eu não estava a vontade. Parar a pessoa, conversar e pedir autorização de imagem para mim estava criando uma barreira e, consequentemente, dificultando na hora de fotografar. Parece que as pessoas, depois de tantas preliminares, esperavam algo mais de mim. Eu estava fora de minha zona de conforto.
A Camila percebeu mas acho que não entendeu o que se passava, estávamos porém prestes a conhecer uma personagem que fez valer o dia. Ao lado de uma barraca de bijuterias tinha uma mulher, loura, de cabelos e pele bem tratada. Palmira Amancio trabalha no circo do Beto Carreiro, está de folga e não sai da 25 de março. Enquanto conversávamos ela comprou R$50,00 em brincos, colares e afins. Foi a primeira pessoa em uma feira como essas que eu vi pagando sem pedir nenhum desconto. Ah minha Tia aqui!!Logo depois seu companheiro, Adriano, apareceu e fiz minha melhor foto.
Antes de ir embora ainda encontramos um ex funcionário do SBT, o Petrucio Melo, hoje dono da TV Orkut, ele foi direto a loja que precisava, falava com a gente enquanto comprava. Fiz a foto e, rapidamente ele se perdeu na multidão que todos os dias faz aquele pedaço de terra no centro de São Paulo parecer um formigueiro humano.
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3 comentários:
Re, muito bacana estes teus passeios por sampa. Me conta, algum projeto novo, heim? Tá com cara... Tô esperando aquela visita aqui em casa! beijos e saudades
Dani
1daystand.blogspot.com
A 25 é um lugar que você precisa ir inspirado... Não dá pra passar por ela ileso. Ou você ama, ou odeia. Não existe meio termo.
Saudades de você.
Bjos
Oi Renato
Muito legal seu blog! estou colocando um link dele no meu.
Bjs
Van
teachervanessaprata.blogspot.com
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