
Não gosto das pessoas que são tão donas dos seus passos e das suas ideias, que dizem: “Hoje eu farei três visitas, escreverei quatro cartas, terminarei esta obra que comecei”. – A minha alma é de tal modo aberta a toda sorte de ideias, de gostos e de sentimentos; recebe tão avidamente tudo o que se apresenta!...

– E por que haveria ela de recusar os gozos que estão dispersos pelo difícil caminho da vida?

Não há nenhum mais atraente, no meu entender, do que o de seguir a pista das próprias ideias, como o caçador persegue a caça sem que pareça observar qualquer rota. Por isso, quando viajo pelo meu quarto, raramente percorro uma linha reta: vou da minha mesa até um quadro colocado num canto; dali parto obliquamente para ir até a porta; mas, embora esta seja a minha intencão ao partir, se no caminho encontro a minha poltrona não faço cerimônia e acomodo-me nela imediatamente. – É um excelente móvel uma poltrona; é, sobretudo, de extrema utilidade para todo homem meditativo. Nas longas noites de inverno, é algumas vezes agradável e sempre prudente nela nos recostar-mos indolentemente, longe do fragor das assembléias numerosas. – Uma boa Lareira, livros, penas; quantos recursos contra o tédio! E que prazer, também, esquecer os livros e as penas para atiçar fogo, entregando-se a alguma doce meditação, ou compondo umas rimas para alegrar os amigos!

Texto de Xavier de Maistre
2 comentários:
então o REM faz parte de seu quarto?
Que coisa boa. Queria ter a companhia dele tb...
Lindo o texto do Xavier
Reee.. eee..
e eu que fiquei pensando bem aqui comigo como esse menino é bom das fotos e das idéias. Gosto tanto de você. Amigo lindo.
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